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Kandinsky, pai da arte abstrata

Wassily Kandisnky (1866 – 1944) passou à historia como o criador da pintura abstrata e teórico de arte mais influente do século XX. O pintor, de origem russa, iniciou sua carreira artística aos 30 anos. Compensou o começo tardio com um entusiasmo inigualável. Sua pintura é capaz de “vibrar a alma” apenas com a força das cores, sem a necessidade de conter objetos reconhecíveis. Em meio a instabilidade política da época precisou conviver com a intolerância do regime socialista e da Alemanha Nazista para defender sua pintura. Pesquisador incansável, dotou sua obra de uma originalidade nuca isenta de idealismo.

Composição VII, 1913 - Óleo sobre tela (200 x 300 cm )

Pioneiro da arte abstrata, Kandinsky é um nome imprescindível da arte moderna. Nascido em Moscou em uma família bem estabelecida, estuda música e desenho em sua juventude… Cursa direito e economia, mas abandona a carreira jurídica para dedicar-se à pintura. Aos 30 anos, decide tornar-se artista após admirar uma obra de Monet e de se sensibilizar pela sinfonia de cores da ópera Lohengrin, de Richard Wagner.

Apóstolo da cor, conheceu artistas como Franz Marc, Lyonel Feininger, Paul Klee e Alexei Von Jawlensky que compartilhavam visão artística semelhante

Kandinsky concebeu a pintura abstrata inspirada por ideias metafísicas sobre o triunfo do espírito sobe a matéria.

Retratou motivos apocalípticos com a Primeira Guerra Mundial, coma Revolução Russa explorou sua pintura sem figuras, produto das idéias e da cor. Após, em outra fase Kandinsky elaborou uma pintura geométrica carregada de misticismo, numa nova fase, sob influência do surrealismo de Hans Arp e Joan Miro substitui as figuras geométricas por formas de aspecto biomórfico. Resumiu sua concepção platônica da arte: “Em minha opinião, a arte nada mais é do que o desenvolvimento de idéias determinadas, do mesmo modo que na natureza os seres são o desenvolvimento definitivo de determinados germes.”

“Pintar é um estrondoso choque de mundos opostos predestinados a criar juntos, na luta e a partir dela, um novo mundo que se chama obra.”

Para Kandinsky as convenções do passado estavam esgotadas; a cor e a forma são mais genuínas para expressar a subjetividade do artista do que o objeto ou a perspectiva; o artista não deve se submeter ao exterior, já que sua espiritualidade reside o visionário de sua obra.

Composição VI, 1913 - Óleo sobre tela (195 x 300 cm )

“Os que duvidam do futuro da arte abstrata fundamentam seu juízo sobre um estágio evolutivo comparável ao dos anfíbios [...]; estes não representam  o resultado final da criação, apenas seu começo.” Kandinsky

Kandinsky defendia o predomínio da subjetividade na obra artística contra qualquer convencionalismo. Longe de ser uma obra formal ou sem conteúdo, suas obras atacavam os códigos preestabelecidos para o olhar da arte.

Em sua busca espiritual alcançou a abstração de sua pintura, que tinha como base a possibilidade expressiva das formas e das cores. A síntese com a música, a correspondência entre sons e cores, foi fundamental no processo. “É evidente, portanto, que a harmonia das cores deve se basear unicamente no principio do contato eficaz. A alma humana tocada em seu ponto mais sensível responde. Chamaremos essa base de Principio da Necessidade Interior”.

Escreveu Do espiritual na arte,  a primeira de suas grandes obras teóricas sobre pintura. Nela desenvolvia uma investigação filosófica sobre as cores e as formas, às quais conferia valores psicológicos e morais e comparava com a música, que, apesar de sua imaterialidade, era capaz de fazer “vibrar a alma”.

Publica também, Ponto e linha sobre plano, acerca do exercício da pintura abstrata, elaborando junto com Paul Klee uma teoria semelhante à utilizada pelos músicos para compor.  Kandinsky percebeu que por trás de sua pintura estava o que verdadeiramente lhe interessava, já que a forma sempre teve importância secundaria.. Em suas obras, umas das preocupações era a busca de um equilíbrio instável entre elementos opostos.

Em busca do traço puro


O abstracionismo, inaugurado por Kandinsky por volta de 1910, tem como pressuposto básico a realização de uma arte independente do mundo externo e da realidade visível, ou seja, uma obra composta apenas por elementos puros, como as formas, as linhas e as cores. Também chamado de "arte abstrata", este movimento se desenvolveu em várias vertentes, até passar a ser o traço predominante de toda a produção artística realizada ao longo do século 20.

Os abstracionistas radicalizaram uma tendência típica das principais vanguardas artísticas do final do século 19 e início do século 20. Desde a invenção da fotografia, o impressionismo havia buscado novas formas de representar o mundo, distanciando-se da mera reprodução "fiel" e "imutável" dos objetos. Os impressionistas procuravam captar as impressões visuais provocadas por estes mesmos objetos em determinado momento, impressões fugidias, que poderiam variar de acordo com a luz, por exemplo. Com a eliminação dos contornos, o impressionismo produziu pinturas em que a luminosidade – e não as pessoas ou as coisas – era o principal tema do quadro.

Amarelo, vermelho, azul, 1925 - Óleo sobre tela (128 x 201,5 cm)

Os pós-impressionistas e expressionistas, por sua vez, libertaram a cor e a linha de suas funções meramente representativas, exagerando propositalmente as formas, para expressar a prevalência da emoção do artista sobre o mundo real. Os cubistas, a seu modo, também romperam com a idéia da arte como imitação da natureza, ao abandonar as noções tradicionais de perspectiva e volume, retratando os objetos de vários pontos de vista simultâneos, decompostos em figuras geométricas.

Mas, a todos esses e outros movimentos que procuravam um distanciamento e uma releitura do chamado "mundo objetivo", o abstracionismo contrapôs uma recusa radical a qualquer espécie de representação. Em outras palavras, não se tratava mais de ver os objetos do mundo com novos olhos, mas de criar um universo à parte, uma realidade autônoma, criada pelo próprio artista. Era isso o que Kandinsky queria dizer com uma de suas frases mais célebres: "Criar uma obra de arte é criar um mundo".

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